domingo, 1 de julho de 2012

Resenha: Death - Symbolic [1995]



O Death que gravou o clássico Symbolic, já tinha nessa época em sua bagagem preciosidades do nível de Leprosy, Human, Individual Thought Patterns, verdadeiros clássicos da música pesada, e em seu currículo o status de terem sido uns dos criadores do que posteriormente viria a ser denominado Death Metal, juntamente com bandas como o também americano Possessed, e os europeus Venom, Hellhammer e Bathory.

Já na ativa musicalmente deste o final de 1982, o fundador Chuck Schuldiner com 15 anos, monta sua primeira banda chamada Mantas, tendo logo gravado uma demo, até que depois de algum tempo e mudanças de formação, muda o nome para Death, que, mais algumas demos depois (que valeria um contrato com a Combat), grava seu primeiro disco Scream Bloody Gore, em 1987, seguido de Leprosy de 1988, Spiritual Healing de 1989, os brilhantes Human, com Sean Reinert e Paul Masvidal do Cynic e o maior baixista de metal extremo de todos os tempos e integrante da banda de Thrash Metal Sadus, Steve DiGiorgio, e Individual Thought Patterns, que com algumas mudanças de formação incorporou Gene Hoglan (Dark Angel e Testament), Andy LaRocque (King Diamond). 

Foi em 1995, já passado o grande momento de projeção do gênero (sabidamente acontecido entre 89 e 93, 94), que vem ao mundo o espetacular e indiscutivelmente original Symbolic, onde a banda do saudoso Chuck Schuldiner, fazendo valer toda a experiência na estrada e em estúdio, nos apresenta um metal ainda mais complexo e intrincado, com as quebras de ritmos e densidade instrumental herdadas do Rock Progressivo (eis aqui a consolidação e o apogeu do Technical Death), trazendo, portanto, além de uma clara evolução lírica, grandes inovações para o metal de um modo geral. 

A sonoridade do disco em questão é das coisas mais fascinantes. Raras vezes ouvi dentro do metal uma timbragem de instrumentos tão perfeita e coesa, o que colabora para os grandes acontecimentos que estão presentes ao longo da audição das músicas. Chuck Schuldiner pegou a complexa fórmula usada nas composições de seu disco anterior, Individual Thought Patterns, e levou a um próximo nível de excelência e maturidade (que seria ainda mais desenvolvido no derradeiro disco da banda, Sound of Perseverance). 

Todos merecem destaque dentro desta obra-prima, desde a excelente formação, composta pelo guitarrista, vocalista e líder Chuck Schuldiner (que inevitavelmente veio a falecer prematuramente de câncer, em 13 de dezembro de 2001, com apenas 33 anos de idade), Bobby Koelble na outra guitarra, Kelly Conlon no baixo e o lendário Gene Hoglan na bateria, até a cristalina e pesada produção de Jim Morris (muito popular entre as bandas de Death Metal da época), e também a excelente capa, obra do americano René Mivile, que outrora já trabalhara com o Death em Human e Individual Thought Patterns. 

Em um disco perfeito em todos os sentidos, vale destacar a grande música título, que também é abertura do disco, que seguramente incluiria entre melhores músicas de todos os tempos. Trata-se realmente de uma grande canção do Death Metal técnico, com constantes quebras de ritmo, tempo heterogêneo, bateria complexa e um dos mais belos riffs do metal! Destaque também para Zero Tolerance, um inacreditável Jazz-Fusion (cortesia do gênio Gene Hoglan) mesclado ao peso comum à banda, mas com velocidade baixa, deixando tempo suficiente para um belíssimo trabalho de cozinha e solos surpreendentes. Empty Words, com seu início calmo, logo seguido por um excelente riff de guitarra, é outra preciosidade com grandes influências progressivas e novamente solos inspiradíssimos. Misanthrope, por outro lado, é a que melhor nos remete à sonoridade mais antiga da banda, sendo mais veloz e pesada que o restante do disco. Falando em influências jazzísticas e progressivas, é talvez Perennial Quest (a música que fecha o disco) onde o Death foi mais distante em relação a experimentalismos com esses estilos. 

O que nos resta, enfim, é lamentar (claro, ao som de todos os seus discos) que um grande gênio da música tenha deixado este mundo tão jovem e em uma fase de tamanha intensidade criativa e produtividade. Sabe-se que mesmo já com saúde debilitada, ele ainda fazia shows, e é possível de se encontrar vídeos piratas do Death com um Chuck extremamente magro, abatido, e quase calvo, um exemplo de tenacidade, devoção à música e comprometimento com sua arte. 

Músicos: 
- Chuck Schuldiner - vocal e guitarra 
- Kelly Conlon - baixo 
- Gene Hoglan - bateria 
- Bobby Koelble - guitarra 

Track List: 
1. Symbolic 
2. Zero Tolerance 
3. EmptyWords 
4. Sacred Serenity 
5. 1,000 Eyes 
6. Without Judgement 
7. Crystal Mountain 
8. Misanthrope 
9. Perennial Quest